BNegão canta Dorival Caymmi >> no cine-teatro/porão >> QUA 01/05 (abertura porão 20h)
BNegão canta Dorival Caymmi >> no cine-teatro/porão >> QUA 01/05 (abertura porão 20h)
  • Qua 01 de Mai
  • 21:30
  • Casa de Francisca
    Rua Quintino Bocaiúva, 22, 01004-010, Sé, São Paulo, SP
Vendas Encerradas
Descrição do evento

CINE-TEATRO//PORÃO >> 
QUARTA 01 MAIO 20h - 01h
show 21h30
1º LOTE - couvert artístico R$80 
2º LOTE - couvert artístico R$98 

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*Opções de comidas e bebidas no bar do Largo.

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Até hoje me lembro da sensação completamente sem precedentes que senti quando a música daquele disco começou a sair pelas minhas caixas de som. Foi uma situação pela qual eu realmente nunca havia passado, de forma tão profunda, botando um simples vinil na vitrola.

Ainda me lembro onde eu estava e de detalhes daquele início de noite, no Rio de Janeiro, na segunda metade dos anos 80, tal foi o impacto daquilo dentro de mim.

O disco era “Caymmi e Seu Violão”, que eu, inocentemente, e completamente sem bula, adquiri num sebo qualquer do centro da cidade, muito barato, sem nenhuma indicação.

Achei que seria um disco de voz e violão “padrão”, calmo, leve, brejeiro, daqueles pra ouvir no pôr do sol, deitado na rede e tomando água de coco (tudo que eu já tinha ouvido falar sobre Dorival Caymmi, me conduzia a essa visão estereotipada, a essa ideia). Com esse pensamento em mente, deitei no chão do meu quarto, com as luzes apagadas, pra curtir a experiência.

Ocorre é que quando a agulha singrou pelos sulcos daquele velho vinil, o que aconteceu foi como se eu tivesse sido jogado em uma jangada, em pleno mar aberto, à deriva, tentando sobreviver e me manter inteiro, até o final daquilo tudo.

Me lembro do coração na boca... a sensação de perigo... o frio na espinha... lágrimas... arrepios, a sensação do vento marítimo.... alívio... emoção pela beleza, pela tristeza... tudo profundo, muito profundo, como o mar. Senti naquelas músicas o poder de me transportar pra dentro daquele universo, como se fosse um portal, há muito esquecido.

Passei a ouvir aquele disco, de tempos em tempos, como se fosse um tipo de ritual. E as músicas sempre soaram pra mim como se fossem mantras, rezas, orações... de forma que aquilo tomou um lugar intocável e incontestável, aqui, dentro do meu coração. 

E essa emoção segue praticamente intacta a cada audição dessas gravações, um capítulo à parte, seja dentro da música mundial, seja dentro da música brasileira ou mesmo dentro da própria obra dessa entidade conhecida pelo nome de Dorival Caymmi.

Faz alguns anos que estou tomando coragem pra entrar nesse mar, ora calmo, ora revolto, ora límpido, ora misterioso. Mas, desta vez, como condutor.

Transcendência, dor, alegria, solidão, sublimação...

Tudo isso está presente neste conjunto de canções, nestas lendárias “Canções Praieiras” e em outras que Caymmi compôs sobre o mar e seus mistérios.

E levar tudo isso ao palco é a principal missão para a qual eu convoquei meu irmão Bernardo Bosisio (que já trabalhou com nomes como Paulo Moura, Márcio Montarroyos, Ed Motta, Virgínia Rodrigues e Arthur Verocai, entre outros).

A ideia, a intenção, não é a invenção nem a inovação (características que sempre busquei dentro da minha caminhada musical), mas sim uma CONVOCAÇÃO daquelas energias e daquela beleza perigosa... apenas com uma voz e um violão... para que nós possamos/consigamos transportar as pessoas (que venham a se aventurar conosco) para aquele mesmo barquinho, àquela mesma jangada, para a qual aquele garoto de 16 anos foi levado. E nunca mais esqueceu, desde então.

Sejam bem-vindos.

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Dúvidas ou informações: reservas@casadefrancisca.art.br | (11) 3052-0547

Não é permitido juntar mesas ou trazer bolos e doces. Para grupos com mais de 13 pessoas e/ou eventos fechados, entre em contato pelo email eventos@casadefrancisca.art.br